terça-feira, 8 de janeiro de 2019

O brasileiro parou de se importar com música nova


Recentemente o jornalista André Barcinski encerrou seu blog que mantinha no portal UOL, acompanhei seus textos por mais de uma década, tanto na Folha de São Paulo quanto nos demais portais que ele assinava sempre com publicações voltadas as artes e cultura. Por mais que o gosto por cinema e literatura estivessem sempre presentes na minha vida,a minha atenção acabava sempre se voltando para a boa música, B-Sides de bandas que conhecia ou mesmo novidades que ele publicava, o fim do Blog deixou órfão uma turma de leitores que ficou completamente perdida já que o Brasil não tem uma publicação isenta de jabá e que fale de biografias, documentários e discos de uma maneira isenta.

Descobri muita coisa boa que acabou moldando meu caráter e mesmo minha cultura músical através do blog e mesmo na internet. Vivo em uma cidade de 180 mil habitantes no interior do Paraná chamada Guarapuava, no começo dos anos 2000, sem TV a cabo e com rádios voltadas ao sertanejo e o Mainstream tive que ir atrás de outro mundo musical movido pela curiosidade ou mesmo estando atendo a dicas de pessoas interessantes. Em São Paulo, o  Programa Garagem, da finada rádio Brasil 2000, capitaneado pelos jornalistas Paulo César Martins e Alvaro Pereira Jr além do próprio Barcinski foi um farol em meio a escuridão de se viver em um lugar sem a menor cultura musical, como boa parte do interior do Brasil, na época, em que as rádios ditavam regras sobre o que era bom ou não, normalmente com uma programação era feita por quem não entendia de música. O leitor então se pergunta: o que você busca nessa introdução? Simples, e respondo com outra pergunta (somente os idiotas respondem uma pergunta com outra Dona Florinda). Como você descobre musica nova, tem interesse?

Imagino que a resposta não seja mais revistas, MTV, ou rádio, salvo engano se você faz parte da população que não se importa com o que esteja tocando desde que seja qualquer coisa da Marilia Mendonça. No mais, a resposta deve ser Spotify, Deezer ou Youtube. Nunca consegui me acostumar com a ideia de um algoritmo me indicar algo, obviamente sabe-se que aquilo é direcionado, acredito que o interesse por música, filme ou mesmo livro novo deve vir acompanhado por algo que te motive a querer mergulhar naquele mundo. Tenho por hábito fazer duas coisas, primeiro ouvir a rádio britânica BBC 6 e americana KEXP, ambas tocam muita música brasileira, coisa que não vemos por aqui em grandes emissoras, e quando digo música brasileira são bandas novas, nada de "como era bom no meu tempo".

Nos últimos meses passei a observar atentamente como as pessoas ouvem música. Existe, em primeiro lugar o fenômeno da chamada "música de porta loja", ou seja, a loja  ou supermercado tem uma playlist feita por algum estúdio como se fosse uma "Rádio Loja", lá são colocadas músicas como as que você vê em programas de TV tais como Luan Santana, Gustavo Limma, Sofrências e afins. As pessoas estão tão acostumadas com aquilo que já não se importam mais com o que está tocando.  

Outro fato, são os saudosistas que tomados por uma preguiça monstruosa, acham que a música brasileira parou na década de oitenta, para esses pessoas toda cena brasileira se resume apenas a nomes como: Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Paralamas do Sucesso, Titãs e Cazuza. Não existe nada além disso, no máximo um Raimundos e Charlie Brown. 

Outro cenário que atrapalha, são as bandas cover e cantores de restaurante/barzinho, voz e violão, esses (como são chatos, Santo Deus) acharam um nicho financeiro  confortável em que não precisam criar, é só repetir! para que criar um arranjo, uma letra se posso ganhar dinheiro cantando Djavan as 2 da manhã? Pra que montar uma banda de diferente de tudo se eu posso fazer um cover do Bon Jovi?

Para concluir, o Brasil nunca viveu um período tão bom musicalmente, temos uma infinidade bandas, cantores e cantoras de qualidade, você não vai ficar sabendo disso pela Globo, pela rádio da sua cidade ou pelo som do vizinho, é preciso procurar, o brasileiro reclama que não tem música boa e nova é porque ele não se da ao trabalho de ler e procurar. Se eu tivesse escrito um texto apontando 10 bandas nacionais interessantes certamente ninguém iria se importar, alais com esse texto acredito que poucos irão. ultimamente as pessoas preferem saber sobre o novo corte de cabelo do Neymar ou o que o Youtuber "Robson" falou do Lula ou do Bolsonaro ao invés de se importarem com a busca de uma boa música.  E você, o que tem ouvido? Se a resposta for Iron e Metallica, Roupa Nova e Los Hermanos, Titãs e Tribalistas vai pro inferno. Se for algo totalmente novo, me conte? Um bom 2019 !

PS: Depois de quase 12 anos escrevendo em blogs, jornais e sites eu encerro minha "Carreira" de blogueiro ou mesmo colunista, agradeço a quem leu todos ou apenas um texto e que mesmo não concordando refletiu. Beijo no Cérebro. 



quarta-feira, 21 de março de 2018

Antes de The Cramps existia o nada


É muito comum dentro do universo do rock como um todo olharmos para alguns  artistas e pensar: "Nossa esse cara deve ser muito louco ou esse aí não vai durar muito" bom pelo menos era assim já que  hoje em dia rockeiros se comportam praticamente como escoteiros ,tão normais e burocráticas quanto um atendente de cartório.

Isso definitivamente não aconteceu com a banda californiana The Cramps. A fórmula parece simples aos ouvidos menos atentos, repito, aos menos atentos. Adicione filmes-b de terror, um vocalista que anda salto alto no palco e tem um visual beirando a androgenia e que já  foi convidado pelo aclamado diretor Copolla para fazer apenas gritos na sua regravação do clássico Drácula. 

Some isso com uma guitarrista que veste roupas curtíssimas sem perder o seu olhar "femme fatale" e pronto! está formada a base sólida do The Cramps, Lux Interior & Poison Ivy (casados) e reza a lenda que se conheceram quando Ivy pedia carona na Califórnia para ir ao um curso de arte e shamanismo . Essa é só a ponta do iceberg de fatos interessantes que fazem do The Cramps não somente uma banda de Psychobilly (rockabilly psicodélico) mas sim uma banda única em vários pontos, inclusive qualidade.
Além das apresentações teatrais, do fetichismo e do amor por filmes-b de terror, a música do The Cramps é fascinante pela sua simplicidade e qualidade. 

Donos de uma discografia que conta com 12 álbuns que vão de 1979 a 2003 a banda sempre atraiu pessoas interessantes para o seu "clubinho freak" entre eles um certo jovem de Londres na época ainda conhecido por Stephen Morrissey e por sua paixão pela banda de Nova York "New York Dolls" (nem precisa dizer em quem ele se transformou depois). Se você nunca ouviu The Cramps não vou sugerir nenhum disco ou escrever aqui um manual sobre como e por onde começar a ouvir, TODA a discografia da banda. Adianto apenas os temperos de distorção, microfonia, letras divertidíssimas e de horror, além de toda a referência da banda e idolatria a artistas da década de 1940 e 1950.

Talvez você ache as músicas ou os discos iguais, quanto a isso o próprio vocalista Lux Interior explica: “Toda vez que lançamos um álbum, algumas pessoas dizem: ‘Ah, mas é igual aos outros, por que eles não conseguem crescer a evoluir? ’ Mas nunca usamos o Cramps para chegar a um ponto evolucionário futuro. Pode não ser do gosto de todos. É para quem pode se identificar com ser um bandido, um fodido, um freak." Hoje em dia é muito comum vermos banda de rockabilly ou mesmo fãs de Johnny Cash que se julgam herdeiros de alguma coisa, entretanto, repito, todos são apenas ouvintes e jamais conseguiriam fazer 1% do que Lux e Ivy faziam ou mesmo chegar perto da vida que eles levavam, e eu, que escrevo essas linhas faço mea culpa no grupo dos normais.

Em 1978 o mundo estava dominado pela “disco music"e pelo bicho grilismo daquela geração Woodstock. Querendo resgatar as origens (veja estamos em 1978 e a banda já queria resgatar as origens) o grupo que estava de passagem pela Califórnia vai até o hospital psiquiátrico estadual de Napa e decide fazer um show para os pacientes. foi um show curto apenas 20 minutos, mas ao final dessa matéria você poderá conferir o registro que felizmente sempre tem um "louco" que filma. O The Cramps lançou ao todo 08 discos de estúdio e chegou ao seu fim em 2009 com a morte de Lux Interior em decorrência de problemas do coração, desde então Poison Evy vive reclusa o que é totalmente compreensível.

No título dessa matéria, eu escrevi que "Antes de The Cramps existia o nada" e de fato, para uma banda que parou no tempo, e decidiu viver como se estivesse na década 50 não por modismo, mas sim por estilo de vida, e além disso, leva uma vida fora do comum não só no palco mas fora dele é possível concluir que sim! de fato existia o nada. Lux Interior certa vez disse: “O que me revolta é ver como as pessoas podem estar tão satisfeitas e anestesiadas. Não quero voltar pros anos 50 ou nada do tipo, mas lembro um tempo em que carros pareciam foguetes e as pessoas queriam se divertir loucamente, se vestir de maneira sexy, dançar sexy e tentar coisas novas e loucas. Parece-me que hoje há uma abundância de tédio e timidez, e é isso que me revolta: pessoas tediosas.” Não parece o retrato atual do rock ou dos rockeiros especialmente no Brasil? Falta isso na nossa vida, loucura! e regada a muito The Cramps for favor.

The Cramps - Ao vivo no sanatório de Napa
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Fat2rswNJ1k&w=420&h=315]
The Cramps - Goddamn rock'n' roll
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=0dXppgOZKOk&w=420&h=315]

33 anos depois a volta do Misfits com Danzig e Only e um convidado daqueles



Na terça feira eu escrevi aqui nesse blog sobre bandas que continuam se arrastando, lançando discos sofríveis, passando vergonha literalmente. Escrevi também sobre grupos que voltam apenas para fazer turnês "caça niquel" enganando fãs para garantir a sua aposentadoria, não é o caso do Misfits.

Formada em Nova Jérsei no ano de 1977 pelo marrento Gleenn Danzig no vocal e pelo baixista Jerry Only, a banda foi a precursora do estilo chamado "horror punk"  onde as letras falam sobre monstros, assassinos, corações partidos, sangue, inferno, demônio, etc. Acontece que diferente de bandas de metal e mesmo do punk, Misfits aliava essas histórias a um vocal de extrema qualidade, visual marcante e inovador sem a androgênia oitentista e a um som simples e rápido. O nome da banda faz referência ao ultimo filme gravado pela atriz Marilyn Morroe "The Misfits", cultuado pelos membros fundadores.

Com esses dois pilares Danzig e Jerry Only a banda lançou apenas três discos "Walk among us" em 83 ", "Earth A.D/Wolfs Blood" 84 e o meu preferido "Static Age"lançado somente em 1997. um pouco antes do retorno com uma outra formação que teve o competente Michale Graves nos vocais. Voltando aos dois principais nomes da banda, desde que se separaram devido a inúmeras brigas causadas por egos inflados em 84, ambos tomaram rumos artisticos distintos. Danzig mergulhou em uma carreira solo sem muita expressão e com clipes bizarros em que o cara queria apenas mostrar seus músculos. 

Jerry Only por sua vez em 97, levantou o Misfits das cinzas lançando ótimos trabalhos com a banda até meados dos anos 2000 quando passou a se  dedicar a jogar o nome da banda na lama e fazer versões bizarras de clássicos com formações mais estranhas ainda. Ou seja, cada qual estava vivendo a sua vida sem a menor possíbilidade de se reunirem. Danzig e Jerry Only passaram 33 anos sem se falar, a não ser nos tribunais.

Nos ultimos anos, Danzig se dedicou a processar  Only brigando pelo direito do uso da marca Misfits e em todos os processos perdeu. Pra tornar a reunião ainda mais impossível, em entrevista ao portal UOL durante uma passagem do que sobrou do Misftis em 2014 pelo Brasil Jerry Only afirmou o seguinte quando perguntado de uma possível volta de Danzig: "Quem quiser ver o Glenn Danzig de volta vai ter que usar uma máquina no tempo. Se você tem 30 anos de idade, este é o Misfits que existe para você."

Eis que 33 anos depois o impossível aconteceu, segundo Danzig devido a tantas mortes no mundo da música nesse 2016, os dois decidiram por fim a briga histórica e apertar as mãos (sei, cascata!) e o melhor, na ultima semana chamaram o ex baterista do Slayer Dave Lombardo para fazer parte da volta que contará ainda com  Doyle Wolfgang von Frankenstein nas guitarras, este um membro de longa data. 

Esqueça a estranha carreira solo de Danzig, esqueça os ultimos anos do Misfits, pois com toda certeza os caras vão dar o sangue no palco e farão com que o nome Misfits tenha o respeito e o bom trato que merece. O primeiro show acontece amanhã  2/09 no "Rio Fest & Rodeo" em Denver no Colorado e com toda certeza algum abençoado vai subir no Youtube, é rezar pra passar pelo Brasil.

Misfits - Hybrid Moments
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=9MDOKVSN_YM]

Ok Stranger Things você venceu


Alguns meses atrás ao dar uma olhada na timeline de qualquer rede social comecei a reparar que muitas pessoas começaram a compartilhar uma foto de uma parede repleta de luzes de natal com um  alfabeto de fundo, achei legal a foto mas de início não tive tanta curiosidade a respeito. Logo em seguida, no twitter "Stranger Things" estava nos tranding topics juntamente com Netflix mas novamente não dei muita importância. Em qualquer mesa de bar, em qualquer conversa alguém sempre perguntava: E aí já viu Stranger Things? comecei a lembrar do hype da excelente série Breaking Bad que diga-se de passagem foi merecedora de todo sucesso. 

Resolvi então ler a respeito da tal "Stranger Things", sinopse lida e saciada a curiosidade novamente não me pareceu atraente, mas resolvi ver o primeiro episódio, e aí que como diz a cantora Maysa "Meu mundo caiu".

Ambientada no ano de 1983 na cidade de Howkins estado de Indiana, a série tem como mote o desaparecimento misterioso de um  garoto de 12 anos. Enquanto procuram por respostas, a polícia local, a família e os amigos do menino acabam mergulhando em um extraordinário mistério envolvendo um experimento secreto do governo. A coisa logo de ínicio fica interessante quando os garotos conhecem uma menina estranha chamada apenas de "Eleven" que passou boa parte da infância em um laboratório sendo vítma de experimentos de um sádico que ela mesma chama de pai. (sem spoiler)

Stranger Things trouxe a tona muitas lembranças da minha infância, primeiro por ter crianças como protagonistas, segundo por ter dezenas de referências a filmes clássicos como ET, Goonies, Clube dos Cinco, Conta Comigo, Super 8 e mais recente do ponto de vista de trilha sonora do ótimo Donnie Darko. Se você esteve em marte nos ultimos anos e não conhece algumas das referências corra procurar urgente. Por falar em trilha sonora, no caso de Stranger Things é um caso especial, como não amar logo de cara uma série que apresenta: Joy Division, The Clash, Toto, The Smiths, New Order, enfim. Por ser ambientada na década de 1980 e mesmo que não fosse, pelo roteiro a trilha cai como uma luva. Justamente como no caso do Donnie Darko que faz a ponte entre o mistério e o drama de ser adolescente.

Dirigida pelos irmãos Duffer, Stranger Things tinha tudo pra ser um fracasso retumbante, a trama foi negada por mais de 15 estúdios e só foi possível graças a um contato dentro da NetFlix, a primeira temporada disponível no serviço conta com iniciais 8 episódios, eu acredito que a quantidade pequena de episódios seja justamente pra se medir a audiência da série e saber se vale um investimento maior aí sim para que na sequencia saiam mais capítulos. Esse é o único problema já que o público terá que esperar quase até o segundo semestre de 2017 pra conferir a continuação.
Diferente da maioria, assisti a série sem pressa como eu acho que as coisas devem ser feitas, jogadas, digeridas e assistidas. 

Degustando, aproveitando cada segundo e cada detalhe, o que foi muito difícil já que a curiosidade a cada final de episódio me deixava cada vez mais ansioso pra saber a continuação. Por ter muita fantásia na série eu tinha tudo pra não gostar, mas a coisa é tão bem enrolada, tão bem feita deixando várias pontas soltas que é impossível não se dar por vencido.

 Para proxima temporada é preciso que o elenco seja mantido, apenas isso, porque a julgar  pelo o que foi visto na primeira temporada o sucesso está garantido. Stranger Things me ensinou assim como Breaking já havia me mostrado que nem sempre é ruim gostar de algo que é sucesso e que muitas vezes esse tipo de produção é de fato de extrema qualidade, sorte a nossa.

Valeu Elke Maravilha!


Na ultima noite todo brasileiro foi dormir um pouco menos triste com país graças ao ouro olímpico de Thiago Braz no salto com vara, porém acordou triste em saber que uma das figuras mais caracatas e alegres do país morreu, a atriz Elke Maravilha. 

Eu tinha preparada um texto sobre o documentário "Maranhão 66" mas o assunto urgente e a singela homenagem a figura se faz muito mais importante.
Elke Georgievna Grunnupp nasceu em São Petesburgo na Russia em 1945 e migrou para o Brasil com seu pai para fugir do terrível regime Stalinista. Elke graças a sua beleza começou a receber convites ainda jovem para trabalhar como modelo e fazer fotos em revistas, porém foi o apresentador Chacrinha que fez com que ela fosse conhecida no Brasil todo como jurada do seu programa ,no qual ela trabalhou por 14 anos vindo posteriormente a ser jurada do Programa Silvio Santos. 

Nos ultimos anos ela se dedicava ao teatro além de ser a madrinha dos gays no Brasil. Ela sempre apoiou os movimentos LGBT e se considerava uma pessoa sem gênero definido, costumava dizer em entrevistas "Por que os gays provocam? Porque são diferentes. A maioria acha que sou travesti, e às vezes vem perguntar. Digo: “Sou e tenho um pau desse tamanho, quer ver?”. E aí saem correndo, tadinhos!

Elke morreu na última madrugada aos 71 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. A atriz estava internada há quase um mês na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no Rio de Janeiro, após uma cirurgia para tratar uma úlcera.

Pra minha geração nascida no final da década de 1980, aquela figura pitoresca sempre com perucas, cheia de penduricalhos  e joias simbolizava alegria, o diferente, sair do comum. Sempre que eu via ela na TV dando uma entrevista eu parava e prestava muita atenção, pois mais do que uma figura extravagante ela era extremamente inteligente, com a voz calma e o riso fácil deixava o telespectador sempre feliz em vê-la e com a sensação de facilmente porderia ser amigo dela. Alias pessoas extravagantes são normalmente inteligentes e com conteúdo.

 Elke não era diferente. Com toda certeza ela teve uma partida tranquila já que deixou alegria e bons exemplos para todos nós. Pra quem quiser saber um pouco mais dela abaixo deixo uma entrevista de 2013 no "De Frente com Gabi", até amanhã criança como ela costumava dizer.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=b4a7hPehEQs&w=560&h=315]

5 grandes entrevistas de Geneton Moraes Neto


Parece que uma vez por semana eu vou ter que publicar o obituário de uma grande personalidade aqui no Blog. Semana passada foi Elke Maravilha e hoje aquele que eu considerava o maior jornalista brasileiro vivo. Morreu nesta segunda feira 22 o repórter e escritor Geneton Moraes Neto, vítima de um aneurisma na veia aorta. Com 60 anos, o jornalista estava internado desde maio em um hospital no Rio vindo a falecer na noite de ontem.

Geneton Pernambucano da cidade de Recife, nasceu em uma sexta feira 13 e também aos 13 anos começou a dar seus primeiros passos no jornlismo vindo a trabalhar em uma rádio, mais do que eu escrever aqui sobre sua carreira, nada melhor assistir uma verdadeira aula do próprio Geneton falando sobre sua carreira desde o inicio no documentário "Mercado de Notícias" dirigido por Jorge Furtado. 

Lá ele conta toda sua trajetória até os dias atuais. Recomendo que o leitor assista, principalmente o que gosta de comunicação, repare como ele enfatiza a importância da curiosidade para um bom repórter e mais do que tudo como é necessário fazer jornalismo para p público e não para os jornalistas, uma verdadeira aula.

Me recordo que conheci ele tarde, se bem me lembro a primeira vez que ouvi falar de Geneton Moraes Neto foi em uma série de entrevistas que ele fez para o "Fantástico". Anos mais tarde pesquisando sobre o ex presidente Collor cheguei naquela que considero uma das suas grandes entrevistas, ao final do texto você poderá assistir e conferir como ele aos poucos vai arrancando o que quer do ex presidente que tenta ao máximo se manter calmo frente as investidas de Geneton.
Hoje é um dia triste pois perdemos um jornalista arguto, desconfiado, perspicaz, inteligente e, sobretudo, muito justo. Uma lacuna irreparável se abre no jornalismo brasileiro hoje, que passa a ser outra coisa sem Geneton Moraes Neto. 

Vivemos tempos sombrios, é triste, ver a Folha com manchetes engraçadinhas e tendo como colunista um menino que gosta de brincar de política faz com que o desanimo aumente a cada dia. Vemos as rádios fazendo arrendamento de espaço para pastores trambiqueiros deixando a música e a informação de lado. Na TV um jornalismo mais político do que investigativo em que ancoras brincaram de Fla x Flu ideológico. Geneton era um farol em meio a escuridão e sem ele sobram poucos do seu nível, consigo pensar apenas em Roberto Cabrini e Caco Barcellos.

Entretanto fica a sua obra, como por exemplo o documentário e posteriormente livro "Dossiê 50" em que o jornalista entrevistou os 11 jogadores titulares da seleção brasileira na traumática derrota na Copa de 50 no Maracanã. Mais do que essas palavras minha maior homagem e reconhecimento que eu gostaria de compartilhar são 5 grandes momentos de Geneton Moraes Neto que servem tanto pra quem já conhece seu trabalho como para quem decidiu pesquisar sobre. São 4 entrevistas feitas por ele e ao fim ele sendo o entrevistado, espero que gostem e acima de tudo reflitam.

Entrevista com o polêmico general Newton Cruz em uma série para o programa "Dossiê Globo News"

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=ZKher45QBlU&w=420&h=315]

Entrevista com o ex presidente Fernando Collor

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=dd_ENPyk2qQ&w=420&h=315]

Escritor Mexicano Carlos Guentes

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=pGNDsdlANjs&w=420&h=315]

Ex presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter e Desmond Tutu bisco da Igreja Anglicana e Nobel da Paz de 84

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=iAbCJ6vqH74&w=560&h=315]

Entrevista de Geneton Moraes Neto para o documentário "O Mercado de Notícias" em que ele fala da sua carreira e sobre como deve ser o trabalho de um repórter

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=_H2VaI8psJc&w=560&h=315]

Melhor série de comédia brasileira tem apenas 7 episódios


No início dos anos 2000, assim como eu todos gostavam muito da série "Os Normais" estrelada por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães. Ao todo foram 3 temporadas de acontecimentos cotidianos e de um humor longe de ser pastelão,mas que ao final da terceira temporada foi perdendo o fôlego. Eu era pequeno na época mas lembro que fiquei chateado ao saber que uma tal de "Os Aspones" iria substituir os Normais. Somente mais de 10 anos depois que fui  assistir a trama dirigida pela sempre brilhante Fernanda Young e Alexandre Machado, posso dizer que disparado é a melhor série de comédia que esse país já teve.

O nome "Aspone" significa (assessor de porcária nenhuma) e justamente em torno da rotina  diária de uma repartição pública em Brasilia, chamada F.M.D.O ou seja (Fundo Ministerial de documentos Oficiais) ou o lugar aonde todo comprovante de residência, foto 3x4, xerox de identidade vai parar.  Ao ser promovido  chefe Tales (Selton Melo) chega no setor e descobre juntamente com a sua estagiária de 35 anos  Leda (Andréa Beltrão) que dirige um Opala preto que no F.M.D.O. não tem nada pra fazer. Assim sendo os outros aspones,  Caio (Pedro Paulo Rangel), Anete (Mariza Orth) e a impagável Moira (Drica Moraes) não fazem absolutamente nada, o que revolta Tales já no seu primeiro dia de chefe.

Com o passar do tempo eles descobrem que podem dar uma utilidade ao F.M.D.O e mudam o significado da sigla para ( Falar Mal dos Outros) e juntos começam a procurar os documentos de todos os  sacanearam e passam a  convoca-los para se apresentarem ao setor em Brasilia sempre pedindo documentos sem sentido como por exemplo: exame de próstata feito no hospital do exército ou o comprovante que os pais recebem logo que o filho nasce contendo um número que deve ser apresentado ao F.M.D.O quando o filho faz 18 anos, é impagável a reação os personagens.

Mais do que uma simples comédia, "Os Aspones" esculhamba com funcionarismo público de Brasilia do primeiro ao ultimo episódio, perguntada certa fez sobre a razão da série ter durado tão pouco, Fernanda Young disse que o pessoal de Brasilia não gostou muito. Tendo em vista a subserviência da Globo é totalmente compreensível. 

O Fato é que não tenho a menor dúvida que se você pegar o fim de semana pra assistir vai ficar impressionado com a qualidade e com o humor negro recheado de sarcasmo e ironia que a comédia oferece. Sobra até pro cantor Oswaldo Montenegro que tem a todo episódio suas letras esculhambadas pelo personagem Tales (Teles?) que se diz fã do "grande menestrel de Brasilia".

É possível encontrar os 7 episódios no Youtube, mas eu recomendo dar uma procurada no "cine torrent" que a qualidade é melhor. Abaixo deixo o link do primeiro episódio. Se você gostar venha até "o cantinho do café pra gente dar um plá". 

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=QD238r9Y1A8&w=560&h=315]